As vezes ir ao supermercado sozinha já é trabalhoso não é mesmo, com nossos filhos então é um desafio dobrado! Isso porque eles quase sempre param em todos os corredores querendo tudo que não iríamos comprar, que não podemos comprar ou que não devemos comprar.
Mas não podemos culpa-los e muito menos nos culpar porque vamos combinar que a indústria alimentícia tem trabalhado duro para que essa simples ida ao supermercado se torne em algo não tão simples assim.
A indústria alimentícia tem se sofisticado, a popularização do consumo tem aumentado e a competência do mercado na constante diversificação de produtos, muitos deles prontos para o consumo, traz como consequência a oferta crescente de mais produtos a serem vivenciados e saboreados pelo público infantil. Além das crescentes ações de marketing que atraem toda a atenção dos nossos filhos.
Talvez você esteja se perguntando, então não devo levar meus filhos ao supermercado comigo? E nossa resposta é NÃO, você deve leva-los junto para fazer as compras de supermercado, feiras e tudo que envolva alimentação.
Esse é o momento oportuno de intervir! Envolver as crianças nos processos que dizem respeito aos hábitos alimentares da família como compras, sugestão da refeição a ser preparada, preparar junto com a mãe ou a família, estimula o interesse da criança quanto a alimentação, então ir as compras é aprendizado também!
O problema acontece, quando o hábito alimentar da família inclui produtos industrializados e ultra processados. A criança refletirá o interesse nesses mesmos produtos, no momento da compra, seja com os pais ou em situações que lhe dão autonomia, como cantinas escolares por exemplo.
Um pesquisa desenvolvida pela empresa InterScience em outubro de 2003 mostrou que 40% dos consumidores levam seus filhos sistematicamente às compras, enquanto 38% declaram serem influenciados pelos filhos na decisão das compras.
Mais do que fazer nossos filhos comerem bem, precisamos ensiná-los a ter uma boa relação com a comida, isso inclui ensinar de onde os alimentos vem por exemplo, como eles são antes de ir para a panela e finalmente chegar ao prato.
Precisamos ensina-los a fazer boas escolhas! E o supermercado é um ótimo lugar para isso!
Pesquisas tem demonstrado que as crianças cada vez mais preferem os “lanches”, as comidas rápidas e versáteis no lugar das refeições. Mas apesar da indústria alimentícia estar buscando cada vez mais reduzir substâncias potencialmente alergênicas e cancerígenas nos produtos prontos tornando-os aparentemente mais “saudáveis”, essas comidas ainda possuem altos índices calóricos e altas concentrações de sódio e açúcar.
Este estilo de comer, juntamente com o sedentarismo urbano, traz como consequência o surgimento, nas crianças e nos adolescentes, de doenças consideradas como “de adultos” como a obesidade, a depressão e a ansiedade.
A necessidade de uma “reeducação alimentar” envolve toda a família! Exigindo uma alteração do estilo de vida. As crianças reproduzem o que vivenciam, ou seja, o que mais se repete na sua rotina. Suas escolhas alimentares, seja junto aos pais e familiares ou quando distante dos mesmos, serão uma extensão do que estão habituadas.
Reconstruir o paladar, estar aberto a descobrir novos sabores e texturas, é um processo bem mais fácil se todos os membros da família estiverem envolvidos!
Aos poucos alimentos e preparações mais saudáveis farão parte da rotina familiar e consequentemente a preferência do consumo alimentar infantil, será positivamente transformada!
Referências:
- Campos de Almeida Dutra R. Consumo alimentar infantil: quando a criança é convertida em sujeito. Sociedade e Estado. 2015.
- TNS/InterScience, Outubro de 2003.